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Entrevista: Leilane Loureiro


ESPECIAL | SEMANA DA MULHER

Diretora da Bahia Marina


Baiana, 44 anos, formada em administração com mestrado na área e foco no segmento náutico, Leilane Loureiro está à frente da Bahia Marina – referência nacional como um dos grandes complexos náuticos do país. Na semana do Dia da Mulher, ela conversa com o Mar Bahia e fala sobre os desafios, as conquistas e os 20 anos que a marina comemora em 2019.


“O mercado náutico cresce bastante, mas ainda há um enorme potencial em relação a outros lugares”.


MAR BAHIA – Você é pioneira no comando de uma das maiores marinas do Brasil. Fale um pouco do trabalho que você realiza à frente da Bahia Marina e quando iniciou sua carreira neste mercado.


LEILANE LOUREIRO – Estou na marina desde 1991 e venho acompanhando seu processo até mesmo um pouco antes dela nascer, desde o período de aprovação e obra. Ainda era estagiária, mas estava estudando e acompanhando tudo. Então, desde a implementação da marina, viajava para fazer pesquisa, conhecer as tendências e novidades – o que a gente faz até hoje. A marina opera desde 1999 e hoje já temos uma equipe bem afinada; desde o operacional até a área administrativa, comercial e de atendimento ao cliente. Nosso papel é gerenciar tudo isso e administrar da melhor forma possível, além de acompanhar as tendências e novidades deste mercado.


MB – Em um segmento majoritariamente dominado pelo público masculino, quais são as peculiaridades e dificuldades no desempenho das suas atividades?


LL – Eu sempre lidei muito com o público masculino no meu dia a dia. Nosso grupo também faz gestão de um posto de gasolina, onde também é predominante o universo masculino, a origem da empresa é de construção e incorporação, que também tem predominância masculina…Para dizer a verdade, não vejo muita diferença hoje em dia. No início da implantação da marina, um ou outro questionava um pouco, mas atualmente é mais tranquilo.

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MB – A Bahia Marina segue em contínua expansão, investindo não apenas na ampliação da sua infraestrutura náutica (como a extensão do quebra-mar), como no complexo de lojas e serviços em seu entorno. Fale um pouco sobre este processo de modernização, os planos e novidades previstas.


LL – A gente hoje tem na marina lojas de mergulho, escritórios, de vendas de barcos, restaurantes, loja de moveis, de vinhos, joias, óculos, roupas, lojas de conveniência, então, tem um pouquinho de cada coisa. Isso é que acho o mais legal; você poder chegar lá e encontrar um mix bem eclético. Nosso objetivo é oferecer uma variedade dentro do perfil do público, mas sem que haja uma concorrência predatória. A gente pretende ampliar o píer de vagas molhadas, mas ainda depende de algumas aprovações da União. Com essa ampliação, nossa intenção é trocar a localização do posto de gasolina existente dentro da marina para a ponta do quebra-mar.


“Também temos o projeto de, onde hoje estão as vagas secas, construir um hotel e um espaço em três pavimentos para as vagas secas”.


MB – O assunto é reincidente, mas também inevitável. como avalia o incentivo e as ações realizadas para a promoção do turismo náutico da Baia de Todos os Santos?


LL – Eu acho que há fases. Teve fases, por exemplo, em 2000, que havia bastante incentivo e o país recebia bastante barco de fora. Naquele momento se criou uma lei definindo que o barco estrangeiro poderia ficar mais de 3 meses no Brasil, mas a burocracia para ele vir e ficar é muito grande, inclusive para as marinas. Agora é exigido que a marina fique responsável pelo barco e por todo material e equipamento a bordo, além da documentação do cliente, enquanto ele estiver fora do Brasil. Então, complica um pouquinho. Por exemplo, o cliente vem, deixa o barco, e precisa voltar ao seu pais do origem. Atualmente, a exigência é que a marina se responsabilize por toda a documentação da embarcação, caso contrário, paga uma multa. Então, fica confusa essa legislação em relação ao que era feito antes. Já houve época de recebermos mais estrangeiros na marina, hoje em dia é menos. A gente torce para que haja incentivos para que esse fluxo aumente.


MB – Face a um contínuo crescimento da procura por vagas, qual é a atual estrutura operacional da Bahia Marina?


LL – Hoje temos 400 vagas em água e 200 em seco. Nossa intenção é aumentar, mas a marina não tem muito espaço em terra para fazer esta ampliação.

MB – Dentro deste cenário, e em relação às grandes marinas nacionais e internacionais, qual é a posição e perfil da Bahia Marina?


LL – A gente hoje tem uma estrutura bem organizada e é considerada um dos grandes destinos do Nordeste. No Brasil também estamos bem estruturados. Pela proximidade com os destinos internacionais também somos, estrategicamente, um bom ponto de chegada e partida.


MB – O projeto de lançamento de um hotel, centro de convenções e edifício comercial dentro da marina terá seguimento?


LL – Sim, estamos aguardando apenas aprovação. Não há previsão porque, apesar de já termos aprovação do Ibama, falta ainda IPHAN e Prefeitura.


MB – A Bahia Marina foi construída ao lado do Solar do Unhão, tombado pelo Patrimônio Histórico e onde aconteceu a primeira edição do Carnaval Náutico. Como você enxerga este tipo de iniciativa?


LL – Acho bom porque traz o público para conhecer um pouco mais do mar e da BTS. Hoje poucas pessoas têm esse acesso e é importante ver a cidade com outro olhar, de fora para dentro.


MB – Ilha Bimbarras. Um paraíso no meio da Baia de Todos os Santos, agora aliado a um arrojado projeto imobiliário capitaneado por vocês. Fale um pouco sobre a sua concepção e expectativa.


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LL – A Ilha de Bimbarras é uma área que temos há algum tempo e estamos fazendo este empreendimento. São apenas 18 lotes com 20 mil metros quadrados de área, cada. Imaginamos que se possa juntar quatro ou cinco amigos ou uma família e construir casas no lotes, como um sitio familiar. É uma área de terreno próprio, onde se terá uma área exclusiva e um destino diferente na BTS. Hoje a maioria das pessoas navegam para Itaparica, Loreto, ou Paraguaçu… Já essa área da Baía de Todos os Santos, a maioria não conhece. É linda e vai até S. Francisco do Conde, com muita beleza a ser desbravada.


MB – Quando não está trabalhando para o mar, como gosta de aproveitar a BTS?

LL – Sempre saindo, conhecendo lugares diferentes e passeando de lancha pela BTS, onde boa parte já conheço, entrando nos rios e canais. Desde a infância sempre curti muito estar no mar. A gente anda de sup, wind, veleiro…Gosto muito da Ilha Bimbarras (Risos)! É um refúgio para a gente, e lugar onde também consigo descansar.


MB – Em 2019 a Bahia Marina comemora 20 anos. Qual a sua análise desta trajetória e as perspectivas a partir de então?


LL – A gente gostaria que fosse um pouco mais rápida essa evolução, sobretudo no que tange a parte de projetos e aprovações. Existe muita burocracia e não há uma definição clara das legislações. Uma autorização às vezes leva mais de dez anos para sair. Temos muita preocupação com as questões ambientais e investimos nisso a cada ano, além de priorizar a capacitação e contratação de mão-de-obra local. Hoje, mais de 1200 pessoas trabalham na marina, entre servidores diretos e indiretos.


MB – O melhor e o pior do mar da Bahia


LL – O melhor é a tranquilidade e as águas limpas. Mas, o pior… Acho sinceramente que aqui é um dos melhores lugares do mundo para se estar no mar. Talvez, o pior seja a quantidade de lixo que vem aumentando ano a ano. As pessoas precisam de educação e conscientização para parar de poluir nossas águas.


MB – No dia 29 de março, Salvador comemora 469 anos. Se pudesse dar um presente para a cidade, o que desejaria?


LL – Desejaria que as pessoas tivessem uma educação melhor e que pudéssemos aproveitar as belezas da cidade e, especialmente da Baia de Todos os Santos.


Fonte: Mar Bahia

Fotos: Mar Bahia/Divulgação

 

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Martine Grael é a primeira brasileira a vencer uma etapa da Volvo Ocean Race

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O barco Team AkzoNobel foi o vencedor da sexta etapa da Volvo Ocean Race 2017-18, no percurso de mais de 6 mil milhas náuticas entre Hong Kong e Auckland, Nova Zelândia. Com a brasileira Martine Grael a bordo, a equipe cruzou a linha de chegada na manhã desta terça-feira (27), após uma disputa milha a milha com o time Sun Hung Kai / Scallywag.

 

O resultado, além de um dos mais apertados de todas as edições do evento, foi histórico para a vela nacional, já que a campeã olímpica da Rio 2016 se tornou a primeira brasileira a vencer uma perna da regata de Volta ao Mundo.

 

“Sentimento incrível de ganhar uma perna em Auckland”, comemorou Martine Grael. “Foi um clima muito de tensão antes da chegada na Nova Zelândia. O vento estava fraco e todos se aproximando por trás, com mais vento, deixando as últimas 24 horas muito tensas”.

 

Martine Grael, também a primeira brasileira a se tornar campeã olímpica, disse que a emoção nas regatas sempre está ao seu lado. A prova que deu à velejadora o ouro olímpico na Rio 2016 na classe 49er FX, ao lado de Kahena Kunze, foi decidida na última boia, com uma ultrapassagem histórica na Baía de Guanabara. Na sexta etapa da Volvo Ocean Race, a história se repetiu, com dois minutos de diferença para o segundo colocado, o Sun Hung Kai / Scallywag.

 

“Eu sempre quis uma chegada monótona e fácil. Mas infelizmente isso não está sendo possível, na Olimpíada e aqui sempre com emoção. Foi um clima muito intenso a bordo nas últimas horas. Agora é comemorar, descansar e preparar para a próxima perna”.

 

A próxima etapa da Volvo Ocean Race terá como destino final o Brasil. Os barcos partem no dia 18 de março de Auckland rumo a Itajaí, Santa Catarina. A etapa vale pontuação dobrada e terá desafios pelos mares do Sul como os limites de gelo, ondas gigantes e ventos fortes. O primeiro a contornar o Cabo Horn ganhará uma pontuação extra.

 

Mais sobre a sexta etapa

A equipe holandesa do AkzoNobel fez o percurso em 20 dias, 9 horas e 17 minutos. Diferença de apenas dois minutos para o segundo colocado. Em terceiro chegou o MAPFRE, 22 minutos depois. A etapa foi uma das mais acirradas da história, com o Dongfeng Race Team e Turn the Tide On Plastic terminando a prova 25 e 27 minutos, respectivamente, atrás do AkzoNobel. O sexto colocado foi o holandês Team Brunel, que terminou a etapa após 1 hora do vencedor.

 

“Foi um match race de 7 mil milhas náutica, algo irreal”, disse o comandante Simeon Tienpont, comandante do AkzoNobel. “Nunca fiz uma regata como essa em toda a minha vida. Sempre tinha alguém a nossa vista”.

 

O segundo colocado valorizou a vitória do AkzoNobel. “Nossa equipe nunca se deu por vencida”, contou o skipper do Scallywag, David Witt. “Dessa vez não deu! Tivemos nossas oportunidades, mas eles foram melhores”.

 

O resultado em Auckland leva o Team AkzoNobel do sexto para o quarto lugar na classificação geral da Volvo Ocean Race 2017-18. A equipe somou sete pontos – mais um extra – e agora tem 23 pontos no total.

 

O bronze na sexta etapa ampliou a vantagem do espanhol MAPFRE na liderança do campeonato (39 pontos). Em segundo está o chinês Dongfeng Race Team, com 34, e em terceiro, o SHK Scallywag, de Hong Kong, com 26 pontos.

 

O barco que velejou mais rápido em 24 horas na sexta etapa foi o Dongfeng Race Team, com 499.71 milhas náuticas percorridas em apenas um dia.

 

Vitórias brasileiras na Volvo Ocean Race

Martine Grael repete o feito do pai, Torben Grael, o primeiro a conquistar uma vitória para o país na Volvo Ocean Race. Na edição 2005-06, o barco Brasil 1 venceu a perna até Rotterdam, na Holanda.

 

“É um sentimento incrível de ganhar uma perna da Volvo Ocean Race, a gente chegou aqui em Auckland, uma cidade muito expressiva com uma cultura forte de vela”, disse Martine Grael.

 

Outros velejadores brasileiros também venceram etapas da Volta ao Mundo, como o próprio Torben Grael com o Ericsson 4 em 2008-09, Joca Signorini (Brasil 1 – Ericson 4 e Telefônica), Horácio Carabelli (Brasil 1 e Ericson 4), André ‘Bochecha’ Fonseca (Brasil 1 e MAPFRE) e Kiko Pelicano (Brasil 1).

Por Maristella Pereira

Fonte: Revista Náutica